segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Poeira e atos falhos

Stela Farias, deputada do PT e integrante da CPI do Detran, comenta:

Não é preciso recorrer a Freud para entender o desejo que move o relator da CPI do Detran e nem o significado do estridente ato falho que marca a sua proposta de plano de trabalho. O deputado Adilson Troca (PSDB) subtraiu 10 dias de vida da comissão de inquérito que tem como objetivo investigar o desvio de mais de R$ 40 milhões da autarquia. A proposta do desatento tucano prevê, ao invés dos 120 dias regimentais prorrogáveis por mais 60, apenas 110 dias de duração para a CPI. Ninguém levou sério o "engano" do ex-líder do governo Yeda, embora para todos, freudianos ou não, tenha ficado a certeza de que o desejo do governo é de que o "pesadelo" de uma investigação minuciosa sobre a administração do Detran nem comece.
Isso fica ainda mais evidente numa rápida olhada no cronograma de depoimentos proposto por Troca com o aval do Piratini, que vem defendendo a adoção de uma rigorosa ordem cronológica nas investigações. Tanto metodismo não impediu, no entanto, que os governistas rejeitassem requerimento para solicitar à Polícia Federal o inquérito resultante da Operação Rodin e que deixassem de fora das oitivas a grande maioria dos indiciados pela PF.
Prevalecendo a estratégia do governo e de seus aliados para "amorcegar" a CPI, as três figuras centrais no escândalo que abalou o Detran ficariam no final da fila dos depoimentos. O ex-coordenador da campanha Yeda, Lair Ferst, seria o vigésimo a depor. O ex-diretor-presidente do Detran, Flávio Vaz Neto, que afirmou num programa de televisão que a governadora tinha conhecimento de tudo que se passava na autarquia, seria o trigésimo. E o ex-diretor-administrativo da CEEE no atual governo e tesoureiro do PP gaúcho, Antônio Dorneu Maciel, que diga-se de passagem foi indiciado por suposta distribuição de propina, ficaria na rabeira das oitivas, na 37ª posição. Mais claro impossível: o governo trabalha para ganhar tempo, baixar a poeira do escândalo e jogar o máximo de sujeira possível para baixo do tapete. Haja, no entanto, vassouras e destreza para defender os interesses políticos e partidários em jogo e não deixar o pó entrar nos gabinetes de altos madatários gaúchos.

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